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Macuco
Contada por Aguinaldo Violeiro.

Conta a história que num lugar conhecido como macuco há muitos anos atrás, havia uma fazendeira que toda tarde escolhia a contento um escravo e o mandava pra roda. (a roda para quem não conhece é um instrumento com duas lâminas paralelas, sendo uma embaixo, à altura dos pés e outra em cima à altura do pescoço) de modo que no movimento dessa giringonça podia-se perder a cabeça ou pelo menos os pés. A única maneira que se via pra se livrar do suplício era saltar e ao mesmo tempo encolher o pescoço. Bem, voltando pra fazendeira.... contam que ela colocava então um escravo na roda e pegava seu rosário e por ali ficava na cadeira de balanço, o tempo do castigo era o tempo do rosário. Noutras ocasiões, utilizava um outro dispositvo que se assemelhava à uma mesa, como contavam e o escravo era preso ali, a medida que se girava a manivela, munida de dois braços num eixo só sendo que em uma ponta tínhamos um pequena lâmina e na outra um pequeno pincel. Durante o funcionamento do ardil instrumento, a lâmina cortava a carne do escravo e em seguida vinha o pincel que era previamente embebido em pimenta. Numa data que já não me recordo, morreu a fazendeira, verdadeiro rebuliço entre os escravos, mas quem ousaria comemorar? castigo alí não era novidade pra ninguém. Sepultaram então a Dona, como era conhecida. Passaram-se os anos e após sete verões a sepultura foi aberta para ser usada por outro parente, quando veio a surpresa! caixão não havia, mas o corpo da fazendeira ainda contuava lá... intacto! apenas seco, mas intacto, pele sobre os ossos! Até bem pouco tempo se podia ver lá na fazenda da "Dona" esse corpo em um porão, estendido sobre a mesa, dando prova que a maldade do ser humano pode ser tanta que nem a terra se habilita a consumi-lo.

 

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