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O Causo do Burrico Morto
Contada por Zé Paulo Medeiros.

O sr Amarino era um pequeno sitiante que só sabia lidar com a lavoura, pessoa simplória e muita querida pelas pessoas do lugar onde morava. Mas passava por uma crise financeira das bravas, pois a lavoura tinha fracassado por demais naquele ano e pra saldar suas dividas a única maneira foi vender o veio Salomé, que era nada mais nada menos que seu burrico de estimação. E pra concretizar a sua única idéia foi procurar seu cumpadi Floriano Pestana, amigo e visinho de sitio. O burrico pro seu Pestana de nada valia, pois já era um animal veio e muito cansado de tanto carrega carga de um lado pro outro. Mais pra poder ajudar seu cumpadi e amigo ele resolveu pagar $500,00 reis que era o valor da divida do seu Armarino com seus credores.

Bem! Depois de tudo combinado entre os cumpadres, seu Pestana, ficou de passar na manha seguinte pra carrega o burrico pro seu sitio, e pra não amargar num prejuízo iria fazer uma rifa do animal pra modo de trocar sua boa ação pelo dinheiro que emprestara ao amigo. Eis que no outro dia seu Pestana mau chega pra empreitada encontra seu cumpadi disolado num canto do curral, que meio resmungando baixinho e reclamando da maré de azar que vinha passando. Num é que assim que o seu Armindo se levantou pela manha e foi preparar o animal pro seu cumpadi levar deu de cara com o Salomé estendido mortinho da silva caído atrás do curral.

-         E agora cumpadi come que faço já usei seu dinheiro pra paga os credo, e o Salomé arresorveu de morre justo agora, como é que faço pra pode acerta nosso cumbinado, cume que faço cumpadi?

O seu Pestana que era um sujeito muito calmo e tranqüilo, depois de ´´pestagenar´´ um pouco, filosofou a seguinte fraze, todo mal tem seu lado bom, ele num instante acalmou o seu cumpadi e já foi resolvendo a questão.

-         Eh cumpadi vamo coloca o burrico, no carroção do trator pra mor deu leva obicho lá pra casa, porque amanha memo vo pra cidade rifa o danado.

-         Rifa?Como é que oce vai rifa um burrico morto cumpadi, oce deu pra bebe cedinho, oce num ta vendo que o burrico ta duro qui nem preda, e tem outra u nomi deli é Salome e não Lazaro, oce num ta bão das idéia.

-         Deixa cumigo cumpadi u nomi du bicho num é Lazaro eu sei, mais meu nomi num é Pestana´ atoa, vo faze cunformi cumbinado.

-          

Três dias depois os dois cumpadis se incontraram na estrada que ligava seus sítios, e seu Armindo mais que depressa foi logo perguntando;

 

-         Eh ai cumpadi deu certo tua impreitada?

-         Oia cumpadi foi ate alem do que eu esperava.

-         Uai cumpadi me esprica cumo é que oce rifo um bicho morto?

-         Oi cumpadi fiz o serguinte;

-         Fui pra cidade e vendi dês numero da rifa pur $100,00 reis cada, i quem ganho foi o seu Mane, aquele que oce devia $400,00 reis do totar da sua divida, nu dia seguinte bem cedo o seu Mane pareceu lá em casa pra mor de, de busca o premio, anssim qui ele chego eu fui logo espricando;

 

-         Oi seu Mane conteceu uma disgracera eu cordei cedinho pra mor de prepara o bichinho pro ce levar i num é que dei cuele mortinho, acho inte que foi tristeza, pois o bicho enquanto estava na casa do cumpadi Armarino só fartava ri, ai comu num tem outra solução pra nois resorve esse pobrema, eu só posso pidi descurpa e te devorve os $100,00 reis que oce pago pela rifa, anssim oce num fica nu prejuízo.

-         Eh o seu Mane aceito?

-         Uai cumpadi é mio o dinhero devorta que leva o bicho morto,

-         Que dize que oce inda lucro?

-         Eh cumpadi é como sempre digo´´todo mau tem seu lado bão´´

  

Obs; esta historia é verídica, só troquei o nome dos personagens, mais ela aconteceu na década de 70 na cidade de Lima Duarte MG

 Zé Paulo Medeiros

 

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